Os
rumos da cidade (1ª Parte)
Já algum tempo muitos têm pensado sobre o futuro da pacata
cidadezinha de Tanque do Piauí. Lá, como em qualquer outra cidadezinha, ainda
existem pessoas que se sentam nas calçadas para ver e/ou participar do
movimento da rua [aqui é interessante relatar um fato engraçado que aconteceu outro dia, onde membros de uma família estavam sentados à frente da casa e com algo curioso: um ventilador ligado na calçada às 19 horas por causa do forte calor que fazia naquela noite de tempo abafado, um fato bastante inusitado, ainda não observado na cidade]; há também as que sabem da vida de todo
mundo, assim como aquelas que vivem rotina de cidade grande, constroem boas casas, com muros altos, se assemelhando às construções de grandes centros urbanos, trabalham o dia todo e
vivem em uma correria sem tamanho.
As crianças quase não brincam mais de quatro campos,
bandeira, cemitério, dentre outras brincadeiras sociáveis, a onda agora é tv,
jogos virtuais, celulares, internet. A relação família também tem sofrido
transformações: parentes se distanciando cada vez mais, os mais jovens às vezes
nem sabem quem são seus parentes; crianças criadas somente por mães, pais ou
avós, sem a participação de todos simultaneamente.
A cidade evoluiu um pouco na infraestrutura, mas ainda
falta muito neste aspecto. Poucas são as ruas pavimentadas com calçamentos ou
asfaltos. A avenida principal foi duplicada, porém o canteiro central precisa
de estruturação, de um projeto arquitetônico bem elaborado.
No tocante ao abastecimento de água, também houve melhora,
mas é necessário finalizar o sistema de saneamento básico iniciado em 2006. Em
relação à energia elétrica, boa parte da cidade necessita de ampliação da rede.
Talvez em alguns dias este problema seja resolvido, se a obra de ampliação já
iniciada for finalizada.
No aspecto político, Tanque do Piauí conseguiu emancipação
em 1995, após plebiscito. Em 1996 houve eleição municipal para prefeito e
vereadores. Os eleitos tomaram posse em 01 de janeiro de 1997 e a partir daí
começou-se a organização da estrutura administrativa do município. Secretários,
chefes de departamento e servidores públicos foram empossados.
Dentre muitas tarefas, uma das principais era construir,
reconstruir ou ampliar prédios para funcionamento dos órgãos municipais. Além
destas, executar projetos de urbanização de ruas e avenidas, construir espaços
para lazer e garantir o funcionamento efetivo das secretarias e departamentos
da prefeitura municipal se configuravam como grandes desafios.
Passaram-se dois mandatos e pouco foi feito. Foram
executadas algumas pequenas obras na sede do município: alguns metros de
calçamentos, uma praça pública e reforma do mercado. Os dois primeiros mandatos
foram administrados pelo mesmo gestor, no caso uma gestora.
Em 2004, houve novas eleições e a maioria da população
apostou e elegeu um candidato da oposição, acreditando na possibilidade de
reorganização política e administrativa tão almejada até então.
Assim, com a posse do novo prefeito gerou-se uma grande
expectativa quanto a algumas mudanças. É importante frisar que houve maior
organização administrativa e financeira, democratização e mais imparcialidade,
embora não sendo ainda no nível esperado.
No entanto, no tocante à infraestrutura pouco foi feito,
mas na avaliação da maioria da população, a forma de governo projetada neste
mandato era melhor do que a anteriormente estabelecida e isso garantiu
reeleição para o gestor municipal e para alguns vereadores.
Porém, logo ao tomarem posse dos cargos, um clima de
instabilidade gerada por descontentamentos em uma disputa para presidência da
Câmara Municipal colocou em desequilíbrio uma base política e administrativa
estabelecida nos últimos anos. Tudo isso por conta de intervenções de atores alheios
ao processo decisório do poder legislativo municipal, órgão que deveria ser
autônomo.
Contudo, por causa de fatos desta natureza, aumenta a cada
dia a descrença na existência de gestores que realmente estejam preparados para
o exercício de um governo democrático e isso permite que, infelizmente, haja
desesperança em um futuro promissor para o município.
Portanto, é necessário que haja uma visão política
coletiva, pois nada se constrói sozinho, que todas as decisões tomadas sejam
para o bem comum, que as pessoas tenham o direito de livre escolha e que as
próximas escolhas sejam realmente conscientes, pois os rumos da cidade dependem
delas.