quarta-feira, 18 de julho de 2012


Os rumos da cidade (1ª Parte)


Já algum tempo muitos têm pensado sobre o futuro da pacata cidadezinha de Tanque do Piauí. Lá, como em qualquer outra cidadezinha, ainda existem pessoas que se sentam nas calçadas para ver e/ou participar do movimento da rua [aqui é interessante relatar um fato engraçado que aconteceu outro dia, onde membros de uma família estavam sentados à frente da casa e com algo curioso: um ventilador ligado na calçada às 19 horas por causa do forte calor que fazia naquela noite de tempo abafado, um fato bastante inusitado, ainda não observado na cidade]; há também as que sabem da vida de todo mundo, assim como aquelas que vivem rotina de cidade grande, constroem boas casas, com muros altos, se assemelhando às construções de grandes centros urbanos, trabalham o dia todo e vivem em uma correria sem tamanho.
As crianças quase não brincam mais de quatro campos, bandeira, cemitério, dentre outras brincadeiras sociáveis, a onda agora é tv, jogos virtuais, celulares, internet. A relação família também tem sofrido transformações: parentes se distanciando cada vez mais, os mais jovens às vezes nem sabem quem são seus parentes; crianças criadas somente por mães, pais ou avós, sem a participação de todos simultaneamente.

A cidade evoluiu um pouco na infraestrutura, mas ainda falta muito neste aspecto. Poucas são as ruas pavimentadas com calçamentos ou asfaltos. A avenida principal foi duplicada, porém o canteiro central precisa de estruturação, de um projeto arquitetônico bem elaborado.

No tocante ao abastecimento de água, também houve melhora, mas é necessário finalizar o sistema de saneamento básico iniciado em 2006. Em relação à energia elétrica, boa parte da cidade necessita de ampliação da rede. Talvez em alguns dias este problema seja resolvido, se a obra de ampliação já iniciada for finalizada.

No aspecto político, Tanque do Piauí conseguiu emancipação em 1995, após plebiscito. Em 1996 houve eleição municipal para prefeito e vereadores. Os eleitos tomaram posse em 01 de janeiro de 1997 e a partir daí começou-se a organização da estrutura administrativa do município. Secretários, chefes de departamento e servidores públicos foram empossados.

Dentre muitas tarefas, uma das principais era construir, reconstruir ou ampliar prédios para funcionamento dos órgãos municipais. Além destas, executar projetos de urbanização de ruas e avenidas, construir espaços para lazer e garantir o funcionamento efetivo das secretarias e departamentos da prefeitura municipal se configuravam como grandes desafios. 

Passaram-se dois mandatos e pouco foi feito. Foram executadas algumas pequenas obras na sede do município: alguns metros de calçamentos, uma praça pública e reforma do mercado. Os dois primeiros mandatos foram administrados pelo mesmo gestor, no caso uma gestora.

Em 2004, houve novas eleições e a maioria da população apostou e elegeu um candidato da oposição, acreditando na possibilidade de reorganização política e administrativa tão almejada até então.

Assim, com a posse do novo prefeito gerou-se uma grande expectativa quanto a algumas mudanças. É importante frisar que houve maior organização administrativa e financeira, democratização e mais imparcialidade, embora não sendo ainda no nível esperado.

No entanto, no tocante à infraestrutura pouco foi feito, mas na avaliação da maioria da população, a forma de governo projetada neste mandato era melhor do que a anteriormente estabelecida e isso garantiu reeleição para o gestor municipal e para alguns vereadores.

Porém, logo ao tomarem posse dos cargos, um clima de instabilidade gerada por descontentamentos em uma disputa para presidência da Câmara Municipal colocou em desequilíbrio uma base política e administrativa estabelecida nos últimos anos. Tudo isso por conta de intervenções de atores alheios ao processo decisório do poder legislativo municipal, órgão que deveria ser autônomo.

Contudo, por causa de fatos desta natureza, aumenta a cada dia a descrença na existência de gestores que realmente estejam preparados para o exercício de um governo democrático e isso permite que, infelizmente, haja desesperança em um futuro promissor para o município.

Portanto, é necessário que haja uma visão política coletiva, pois nada se constrói sozinho, que todas as decisões tomadas sejam para o bem comum, que as pessoas tenham o direito de livre escolha e que as próximas escolhas sejam realmente conscientes, pois os rumos da cidade dependem delas.